segunda-feira, 15 de junho de 2009

PLANEJAMENTO URBANO 2 - Escrito por Mário Yoshinaga e resumido por Ana M. C. Cunha

Um aspecto importante do Planejamento Urbano, principalmente do Urbanismo é o conhecimento, mesmo que superficial, do comportamento das pessoas em ambiente público.

Lembrando o livro Dimensão Oculta, de Edward T. Hall, o comportamento tanto dos animais como dos homens diferem pela própria natureza e pela cultura. Enquanto os cisnes evitam se aproximarem, os leões marinhos se aglomeram, quase que se empilhando uns sobre os outros.

Enquanto os escandinavos procuram manter-se distantes uns dos outros (...), os latinos gostam da proximidade - são gregários. O (...) arquiteto finlandês, Kari Yarnefelt observou que indo à praia de Copacabana numa manhã, encontrou-a deserta e por isso agradável, pelos padrões escandinavos. A sua surpresa, foi que aos poucos outras pessoas chegaram à praia, e foram se instalando ao redor de sua familia, quando havia todo o restante da praia completamente disponivel.

(...). O arquiteto tem poderes de condicionar o uso do espaço. Pode-se dizer que tem esse poder de impor, e que incorre às vêzes em situações de desconforto quando decide que o espaço, a estrutura, os fechamentos e aberturas, além dos materiais, estão sendo utilizados como elementos escultóricos, colocando o usuário em plano secundário. Enfim, utiliza o seu projeto em benefício próprio - de auto promoção.

No espaço de uso publico ocorre exatamente o oposto. Não se obriga alguém a circular onde o caminho fica melhor como composição visual, nem a sentar num banco de jardim porque o arquiteto quer impor de terminados usos. Cada um circula como quizer, até sobre o gramado; senta onde quizer, até mesmo no chão, desprezando os bancos mal posicionados. E vandaliza os ambientes que não correspondem às suas necessidades de uso do espaço público.

O Brasil surgiu com donos (capitanias hereditárias), concessões de terras (sesmarias) e latifundiários (terras sem uso), e propriedades que passam de geração em geração com impostos pífios, deixando a maior parte da população rural sem condições de desenvolvimento futuro por exclusão de terra.

Assim, é interessante estudar esse comportamento do brasileiro em espaço público, onde considera que o território público é terra de ninguém, os recursos naturais são para serem depredados e explorados sem nenhuma preocupação de extinção, etc.

É também interessante saber como se formou essa cultura da depredação, que deve ter-se iniciado com as capitanias hereditárias e sesmarias (afinal, o que os sesmeiros produziam?).

Deixo algmas questões para serem respondidas.
* O espirito do latifundio persiste nas áreas urbanas?
* A reforma agrária não poderia ser simplesmente resolvidas pelos altos impostos de herança sobre imóveis, como ocorre no Japão, Estados Unidos e outros países, onde se taxa até 60% sobre o valor do imóvel?
* Por que o brasileiro não tem amor a propriedade, com a maioria dos imoveis sem acabamentos e sem manutenção?

Mário Yoshinaga

Nenhum comentário:

Postar um comentário