domingo, 9 de maio de 2010

CONVERSANDO COM ANA MARIA C. CUNHA, Profa. de Arquitetura no Acre

Prof Mário Yoshinaga
Fonte: http://colunasocial.wordpress.com/2008/page/5/


Ana, que bom saber que temos mais alguém divulgando a necessidade de entender o urbanismo de forma integrada com a sua infraestrutura urbana, sem a qual a vida urbana fica ameaçada pelo desconforto, insegurança e pela insalubridade.

Frequentemente discuto com colegas de Secretarias de Habitação, de movimento de desfavelamento e de Planejamento, quanto à necessidade de priorizar a infraestrutura sempre que pensar em obras residenciais, em especial a destinada a população de baixa renda. Para tornar a idéia folhetinesca, chego a afirmar que é preferível residir numa tenda de camping em lote inteiramente atendido por todas as redes de infraestrutura urbana, do que numa casa de alvenaria com atendimento deficiente de água, esgoto, luz e gás. No total, tem-se melhor qualidade urbana e de vida na primeira situação do que na segunda.

Ao pensar numa urbanização de área residencial atendida por redes de infraestrutura urbana, é inevitável considerar os custos da urbanização. Custos de instalação, custos de operação e de manutenção. As redes de infraestrutura são em geral concessionadas e vivem do equilibrio de consumo e tarifas, sendo que as tarifas derivam de variáveis de custos de investimentos e retorno desses investimentos. Simplificando, as concessionárias planejam recuperar seus capitais empatados, num prazo razoavelmente negociados, a um custo proporcional ao consumo. Enquanto numa Avenida Paulista um investimento é rapidamente recuperado pelo alto consumo de energia, no exemplo de um caso de rede elétrica, num bairro de periferia o baixo consumo em áreas de baixa densidade, o retorno do investimento poderá ser muito demorado. Portanto, a baixa densidade combinado com baixa renda da população é uma condição desinteressante para as concessões.

Sem essa constatação, as entidades governamentais que tratam da questão habitacional, com frequencia incorrem em ações que são evidentemente inadequadas, como a de desalojar pessoas de favelas e cortiços (de alta densidade residencial) para conjuntos residenciais com casinhas isoladas ou geminadas duas a duas (baixa densidade). Possivelmente nas favelas as pessoas tinham energia eletrica gratuita com as ligações clandestinas, e no conjunto habitacional deverão arcar com a energia medida nos relogios. Vale observar que a energia clandestinamente consumida tem seus custos, provavelmente lançadas na contabilidade de perdas ou de consumo social. No caso do conjunto habitacional, cada residencia com seu medidor exigirá mão de obra da concessionária para inspecionar as linhas, fazer leituras dos relogios e processar as contas (emissão e cobranças). Mais linhas nas ruas, maiores as possibilidades de ligações clandestinas, roubo de fios e vandalismos, cujos custos são socializados entre todos os consumidores, pois as concessionárias em geral, apesar de todas as perdas, dão lucros para os seus acionistas.

O entendimento de que a urbanização deve ser percebida também no espaço aéreo e subterraneo, e que a infraestrutura deve ser observada junto com a superestrutura (edificios) e com a gestão da cidade, é cada vez mais uma forma de busca de maior eficiencia das cidades, minimizando seus custos e maximizando seu desempenho.

Sim, temos muito que divulgar a importancia da infraestrutura urbana para os nossos colegas e administradores de cidades.

Um grande abraço.

Mário Yoshinaga

2 comentários:

  1. Muito legal o blog da professora cunha....Ass. seu aluno da FAAO Glenilson

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  2. Obrigada Nill... Saiba que este é um espaco seu também!

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