terça-feira, 28 de abril de 2009

Rio Branco-Ac - REGIONAL II

O estudo a seguir apresentará uma análise empírica da Regional II, onde se destacará observações visuais e também alguns dados estatísticos da infraestrutura urbana. Os aspectos ambientais também serão lembrados, assim como os marcos visuais e pontos focais.

O objetivo do estudo é lançar um olhar curioso de cidadão, que usufrui desse espaço, associado ao olhar crítico de um futuro profissional, para que se possa compreender sua expansão, seus limites, suas necessidades imediatas e de longo prazo e sua relação com o meio ambiente.

O espaço da regional II está dividido entre 27 bairros, conjuntos ou comunidades. Sendo que está divisão aconteceu de forma gradativa seguindo o processo de evolução demográfica da cidade, ou seja, não foi uma divisão planejada. São eles: Guiomar Santos I e II, Conjunto solar I e II, CONCEP, Procon (Parque Aruaque) I e II, Tropical, Morada do Sol, Jardim América, Loteamento São José, Conjunto São Francisco, Conjunto Casa Nova, 10 de junho, Adalberto Aragão, Baixo da Colina, José Augusto, Aviário, Conjunto Eletra, Capoeira, Cerâmica, Ipase, Centro, Base, Dom Giocondo, Papoco, Habitasa, Baixada da Habitasa, Cadeia Velha e Baixada da Cadeia Velha.


Delimitação:


Mapa da Regional II – Plano Diretor


Histórico:

O surgimento da Regional II está diretamente relacionado com o surgimento da cidade de Rio Branco, uma vez que seus bairros também estão entre os mais antigos da cidade. Por isso, para conhecer sua origem, é necessário conhecer também a história de Rio Branco.

Entre 1909 a 1940 a cidade de Rio Branco passa a se desenvolver na região hoje conhecida com 1º Distrito, e é nessa fase que começa a história da Regional II. Em 1909, o Cel. Gabino Besouro, na época Prefeito Departamental do Alto Acre, resolve tomar parte das terras do Seringal Empreza, localizado à margem esquerda do rio Acre. Nessas terras altas funda Penápolis, uma nova cidade, que passa a ser a nova sede da Prefeitura Departamental do Alto Acre. Na sequência ele promove a abertura de quatro ruas – Epaminondas Jácome, Benjamin Constant, Marechal Deodoro e a atual Getúlio Vargas – dando início a ocupação da margem esquerda do rio Acre, onde hoje é considerado o centro da Regional II e também da cidade.

Rio Branco - 1909 a 1940. Fonte: Prefeitura Municipal de Rio Branco

Entre 1927 e 1930 é implementado um programa de construção de prédios de alvenaria, pelo Governo Hugo Carneiro, mudando a paisagem da cidade. São edificados o Mercado Municipal, o Palácio Rio Branco, o Quartel da Polícia, a Penitenciária - atual Prefeitura Municipal e o “Stadium” do Rio Branco Futebol Clube.

Antigo Palácio Rio Branco


Mercado Municipal

No período que vai entre 1941 e 1970, no início do governo de Guiomar Santos, começa a implantação de colônias agrícolas em terras do antigo Seringal “Empreza”. Nesse mesmo tempo, ao norte da atual Avenida Ceará, é definido uma região chamada como “Zona Ampliada”. É nessa época que são finalizadas as obras do Palácio Rio Branco e da reforma do prédio da antiga penitenciária, transformada no Hotel Chuí, e também são edificados a Maternidade Bárbara Heliodora e o Colégio Eurico Dutra.

Rio Branco - 1941 a 1970. Fonte: Prefeitura Municipal de Rio Branco

Também nesse período é implantada a Cerâmica oficial para a produção de telhas, tijolos e pisos, a Estação Experimental, para plantação de mudas e repasse de técnicas de cultivo, o Aviário para produção e distribuição de aves, suínos e até abelhas para os colonos. Dessas três iniciativas, duas darão origem a dois bairros na Regional II: Bairro Cerâmica e Bairro Aviário.

Ainda no governo de Guiomard Santos é implementado o Ipase, o primeiro conjunto residencial da cidade.

Praça Eurico Dutra e ao fundo o Palácio Rio Branco.

Av. Getúlio Vargas, ao fundo o Hotel Chuí em construção e do lado direito o Quartel.

Entre 1970 e 1998 surgem em Rio Branco vários loteamentos, como os conjuntos Guiomar Santos I e II, conhecidos como “COAHB do Bosque”, Conjunto solar I e II, PROCON (Parque Aruaque) I e II, Tropical, Morada do Sol, Jardim América, Loteamento São José, Conjunto São Francisco e Conjunto Casa Nova.

Já em 1999 inicia um período de obras estruturantes na cidade. A maior parte delas aconteceu na Regional II - alargamento da Rua Antônio da Rocha Viana, construção e urbanização do Parque da Maternidade, reforma do Palácio Rio Branco, do Memorial dos Autonomistas, do Palácio das Secretarias, praças Eurico Dutra e do Seringueiro, que passaram a se chamar, respectivamente, Praça dos Povos da Floresta e da Praça dos Autonomistas.

Fontes de dados:
· Pref. Mun. de Rio Branco, Sec. de Desenvolvimento Urbano e Obras e Públicas, Departamento de Análise de Projetos.
· Memorial dos Autonomistas - Acervo Digital
· Secretaria de Estado de Educação - SEC

Sites de Pesquisa:
http://www.google.com.br/
http://www.wikipedia.com.br/
http://www.ac.gov.br/
http://www.pmrb.ac.com.br/

FAAO – Faculdade da Amazônia Ocidental, Curso de Arquitetura e Urbanismo
ORIENTADORA: Profa.: Ana Cunha Araújo.
DISCIPLINAS: Planejamento Urbano e Regional e Infraestrutura Urbana.
SÉRIE: 3o Ano.
ALUNOS: Cleide Glowaski, Elanny Cristina e LLayla Araújo.
Pesquisa feita em março de 2009.

Aguarde, em breve publicaremos mais sobre esse assunto!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Rio Branco-Ac - ESTUDO URBANÍSTICO DA REGIONAL I

O trabalho a seguir apresenta um estudo urbanístico da Regional I localizada no 2o Distrito da cidade de Rio Branco – Acre. Serão enfatizados fatores como o perfil socioeconômico dos moradores, infra-estrutura, morfologia urbana, aspectos ambientais, entre outros.
A regional I está situada no segundo distrito da cidade de Rio Branco e é composta pelos seguintes bairros: Seis de Agosto, Cidade Nova, Quinze, Triangulo Velho, Triangulo Novo, Comara, Taquari e Loteamento Praia do Amapá.


Delimitação:




1. Histórico da Regional I

Como marco da história acriana no processo de formação da cidade de Rio Branco, temos no 2º Distrito fragmentos importantes que compõem o conjunto de valores arquitetônicos e culturais, evidenciados na Rua 17 de Novembro, também conhecida como Rua Eduardo Assmar.


É nesta rua que encontramos a gameleira, árvore histórica, no tronco da qual aportou o desbravador Newtel Maia. Este, em 1882, fundou o Seringal “Empreza” que deu origem à cidade de Rio Branco.

A rua seis de agosto é uma das primeiras ruas de Rio Branco. Ela surge de um varadouro que ligava o Seringal Catuaba ao Seringal Empresa, por onde se transportava mercadorias em tropas de burro. O varadouro só ganharia o nome de Rua 06 de Agosto, entre 1904 e 1908, em homenagem a data do início da Revolução Acriana. É uma das poucas ruas desta cidade que nunca teve seu nome alterado. Por meados dos anos 50, mais especificamente em 1953, o 06 de Agosto deixou de ser uma rua e transformou-se em bairro, isso em decorrência do aumento populacional.

Entre os mais antigos bairros, está também o Bairro 15. A origem desse bairro se confunde com a origem da própria cidade. Ocorreu ainda durante a “Revolução Acriana”, quando, após seis meses de confronto armado entre acrianos e bolivianos, o exército brasileiro foi mandado para cá a fim de assegurar um período de trégua. Foi escolhida uma área fora do perímetro do povoado, para servir de acampamento ao 15º Batalhão de Infantaria do Exército. Com isso muitos comerciantes se instalaram nas proximidades daquela área, ocasionando o nascimento do Quinze, numa referencia ao 15º Batalhão de Infantaria. Boa parte da população do Segundo Distrito, formada basicamente pela presença dos “arigós” (nordestinos), possui como primeira referencia da cidade esse bairro, para só depois travarem contato com o restante da cidade.

O processo de ocupação da área que hoje integra os bairros Taquari, Comara, Cidade Nova e Triangulo, deve-se aos movimentos sócio-econômicos da década de 70. Naquela época os governos, Federal e Estadual, implantaram diversos programas de desenvolvimento econômico que visavam substituir a tradicional atividade extrativista da borracha pela pecuária. Para tanto diminuíram os financiamentos que eram concedidos aos seringais e criaram vários incentivos para empresários do sul do país, os chamados paulistas, que quisessem montar fazendas de gado na região. Com essa substituição de seringais por fazendas pecuaristas ocorreu uma intensa migração da população que trabalhava na área rural para a área urbana, especialmente o Segundo Distrito, que teve sua população aumentada muito rapidamente.


Desde sua formação até os dias de hoje os problemas enfrentados pela população da Regional I continuam os mesmos: Deficiência de urbanização e saneamento básico, as alagações que sempre castigam os bairros na época do inverno e a violência decorrente da falta de condições econômicas para garantir a sobrevivência da maioria da população carente da cidade.


2. Situação Socioeconômica
Para se ter uma análise da situação socioeconômica desta regional, foi feito um questionário contendo inúmeras perguntas referentes à renda, moradia, satisfação em relação ao bairro, serviço de abastecimento de água e energia elétrica, coleta de esgoto e estrutura viária, onde se buscou dados que boa parte dos órgãos públicos não dispõe. Esses dados recolhidos baseiam-se em um espaço amostral de cerca de 100 famílias, divididas nos 8 bairros visitados, demonstrados em gráficos que apresentaremos na sequencia.

O gráfico abaixo demontra a renda familiar. Como se pode ver, uma grande porcentagem da população alí residente possui renda igual ou inferior a um salário mínimo.

Gráfico 1 - Renda Familiar.


Boa parte da população é dona de suas próprias casas, o que não significa que usufruem de boas condições de moradia, pois a maioria das famílas desta regional reside em barracos, sem a mínima condição de conforto.

Gráfico 2 - Situação da Moradia.





3. Infraestrutura

3.1 Esgoto
O Esgoto não atende adequadamente as necessidades dos moradores. Boa parte foi desenvolvido pela comunidade. As soluções adotadas se dividem em: fossa, córregos, caixas coletoras, “pântanos”, e há, ainda, os tubos que levam o esgoto até o Rio Acre.



3.2 Sistema de Abastecimento de Água
Esta regional é dotada das mais variadas soluções de abastecimento de água. Esta variação vai desde a rede pública, passando por poços artesianos, chegando na retirada direta da água do Rio Acre - sem qualquer tratamento.


Em nossas entrevistas constatamos que a maioria das casas não é beneficiada pela rede pública de abastecimento de água.



3.3 Calçamento e Pavimentação
Boa parte das ruas desta regional é provida de asfalto. Isso se deve pelo fato de ser, praticamente, parte do Centro. No entanto, a maioria das vias não possui calçadas.

Gráfico 3 - Pavimentação de vias.



3.4 Equipamentos de Lazer
A inexistência de equipamentos de lazer ou a pouca utilização dos equipamentos existentes em boa parte dos bairros implica na marginalização das comunidades ali residentes.
Boas partes dos equipamentos que foram encontrados estão sem condições de uso, sendo utilizados por marginais, afastando a comunidade destas áreas de lazer.



3.5 Saúde
Onze bairros da Regional I são contemplados por módulos de saúde, além de existir no bairro Taquari um Centro de Saúde, onde é oferecido atendimento especializado à população dos bairros adjacentes.


Infelizmente, apesar da distribuição por quase todos os bairros, a maioria desses módulos não presta atendimento satisfatório, obrigando a população a se deslocar até o Pronto Socorro da cidade, que ficaq no primeiro distrito.
Gráfico 4 - Existência de Posto de Saúde no bairro.

3.6 Segurança
A maioria dos moradores desta regional avalia a segurança como insuficiente, não atendendo as demandas existentes. O gráfico a seguir nos mostra isso:

Gráfico 5 - Grau de satisfação dos moradores quanto ao serviço de segurança.


3.7 Educação
Notou-se, através da pesquisa realizada, que a maioria dos moradores, em idade escolar, precisa se deslocar para outros bairros, pela falta de vagas e pela carência de escolas de ensino médio nos bairros de origem.


3.8 Abastecimento de Energia Elétrica
A Companhia de Energia Elétrica do Acre – ELETROACRE é a responsável pelo abastecimento desta regional, assim como as demais de Rio Branco. Boa parte é provida de iluminação pública regularizada. Uma grande parcela das ruas é beneficiada de postes de concreto para iluminação, mas mesmo assim ainda encontra-se grande número de ligações clandestinas.


3.9 Economia
O comercio se caracteriza pela diversidade em suas instalações. Apesar da Regional se localizar próxima ao centro da cidade, boa parte da economia gira em torno do comercio nos bairros, satisfazendo a comunidade, gerando empregos diretos e indiretos, e se transformando numa espécie de segundo centro de consumo.


3.10 Rede Viária
O sistema viário desta regional se diferencia das outras por conta dos seus traçados. Os bairros mais antigos, como 06 de Agosto e Bairro 15, detêm um traçado desordenado por conta dos inúmeros varadouros abertos na época da Batalha da Borracha (1882 – 1945). Tais “vias” foram ganhando forma e se estruturando ao longo do tempo e se transformando em ruas de fato. Já bairros mais novos, como Comara, Loteamento Praia do Amapá e Triangulo detém em seu traçado a estruturação adequada.






4. Rio Acre
Boa parte da área de estudo esta situada em zona alagadiça, tornando-se imprópria para moradia e demais atividades humanas. Isso acaba impedindo novos investimentos que beneficiariam a comunidade como um todo, gerando um aumento no fluxo de procura por equipamentos diversos em outras regionais.



Mapa de áreas alagáveis em torno do Rio Acre.


5. Aqüífero
A área de ocorrência do aqüífero foi calculada em 122,46 km2, estando localizado principalmente no 2o Distrito da capital, onde atualmente se localiza a planície de inundação do rio Acre.


Aquífero Rio Branco.



6. Pontos Focais



Casas históricas na Rua 17 de Novembro, conhecida como Eduardo Assmar e Calçadão da Gameleira.


7. Marcos Visuais

Entrada do Bairro 06 de Agosto




Monumento à Bandeira Acriana e Rio Acre.




Passarela sobre Rio Acre.



Conclusão
Pudemos notar que a Regional I concentra um grande numero de famílias, onde boa parte possui renda salarial muito baixa, vive em condições subumanas, sem o mínimo de infra-estrutura e em áreas de risco de alagação.
Quanto à infra-estrutura, boa parte desta região não está servida de saneamento básico, abastecimento de água e energia elétrica - a maioria da população utiliza água de poços artesianos e cacimbas, e o abastecimento de energia elétrica é feito por ligações clandestinas.
Mas, apesar dos problemas urbanos, observamos que esta é uma região enraizada, ou seja, existe um elo de ligação profunda entre os moradores e o espaço que lhes seja próprio.


Bibliografia
· Historia do Acre – Carlos Alberto Ferreira
· Infra-Estrutura Urbana – Juan L. Mascaro e Mario Yoshinaga

Sites de Pesquisa
· http://www.pmrb.com.br/
· http://www.wikipedia.com.br/
· http://www.ac.gov.br/


FAAO – Faculdade da Amazônia Ocidental, Curso de Arquitetura e Urbanismo
ORIENTADORA: Profa.: Ana Cunha Araújo.
DISCIPLINAS: Planejamento Urbano e Regional e Infraestrutura Urbana.
SÉRIE: 3o Ano.
ALUNOS: Eliane Siqueira, Luciano Carvalho, Rute Helena, Solange Malaquias, Suemi Hamaguchi e Susye D’Albuquerque.

Pesquisa feita em março de 2008.